quinta-feira, 2 de dezembro de 2010


O BEIJO
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Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.
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No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.
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Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.
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Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.
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Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.
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Eugénio de Andrade

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