terça-feira, 7 de dezembro de 2010


A MULHER E A TARDE
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O denso lago e a terra de ouro:
até hoje penso nessa luz vermelha
envolvendo a tarde de um lado e de outro.
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E nas verdes ramas, com chuvas guardadas,
e em nuvens beijando os azuis e os roxos.
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Perguntava a sombra: “Quem há pelo teu rosto?”
“Que há pelos teus olhos?” – a água perguntava.
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E eu pisando a estrada, e eu pisando a estrada,
vendo o lago denso, vendo a terra de ouro,
com pingos de chuva numa luz vermelha…
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E eu não respondendo nada.
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Sonho muito, falo pouco.
Tudo são riscos de louco
e estrelas da madrugada…
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Cecília Meireles
In "Vaga Música", 1942

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