quinta-feira, 2 de dezembro de 2010


CREPÚSCULO
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Uma pátria de angústia
No lento anoitecer
Coroa o dia álgido
No verão de ardentes sóis.
Vão morrer os heróis.
A voz crepuscular
Dos campos e das ondas
Agoniza comigo.
E promete e promete
Imensas alquimias
Em braços de outros Dias.
Em bocas de outro Mar
Os deuses vão voltar.
Há quanto tempo eu estou
Marcada a fogo e ferro
Na paz do meu desterro
Na morte sem enterro.
Oiço-te,Mãe,na bruma
Tangendo às nossas filhas
Um instrumento de espuma
Forrado a sumaúma...
E ele,o meu ser de gelo,
O meu senhor de frio,
Amarra-me o cabelo
Aos flancos do navio.
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Natércia Freire

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