quinta-feira, 13 de maio de 2010


NUNCA É TARDE
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Quando no cais só fica ancorada
A indiferença e já não resta nada
Senão as ilusões a que te agarras.
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Ouve a voz inefável das guitarras
Tingindo de paixão a madrugada
No fim duma viagem povoada
Do canto indecifrável das cigarras.
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Saberás então que há sempre um começo
No profano rio em que a vida arde,
E é nessa maré viva que estremeço.
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Mas, ainda que saibas que nunca é tarde,
Não tardes, que sem ti eu anoiteço,
E não peças jamais ao rio que aguarde.
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António Tomé

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