domingo, 2 de maio de 2010

As maçãs ao relento. Duas. E o viscoso
Do tempo sobre a boca e a hora. As maçãs
Deixei-as para quem devora essa agonia crua:
Meu instante de penumbra salivosa.
As maçãs comi-as como quem namora. Tocando
Longamente a pele nua. Depois mordi a carne
De maçãs e sonhos: sua alvura porosa.
E deitei-me como quem sabe o Tempo e o vermelho:
Brevidade de um passo no passeio.
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Hilda Hilst

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