quarta-feira, 22 de setembro de 2010


Estive sempre sentado nesta pedra
escutando, por assim dizer, o silêncio.
Ou no lago cair um fiozinho de água.
O lago é o tanque daquela idade
em que não tinha o coração magoado.
(Porque o amor, perdoa dizê-lo,
dói tanto! Todo o amor.
Até o nosso,tão feito de privação.)
Estou onde sempre estive:
à beira de ser água.
Envelhecendo no rumor da bica
por onde corre apenas o silêncio.
.
Eugénio de Andrade

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