quarta-feira, 7 de abril de 2010


MAR
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A voz do mar entende-a quem do mar
viveu as tempestades e as bonanças,
quem nele pôs cuidados, esperanças,
quem lhe deu seu riso, o seu penar.
Quem fez o seu jardim, o seu pomar,
de búzios, de corais, de areias mansas,
quem ergueu sobre as ondas o seu lar
e por ele cruzou ferros e lanças.
Quem sabe de marés, de luas-cheias
e não teme os tritões nem as sereias
nem, de Neptuno, as barbas e o tridente.
A sua voz entende-a quem, de Sagres,
se fez ao mar em busca de milagres,
- todos nós, neste barco do Ocidente.
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Fernanda de Castro

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