quarta-feira, 7 de abril de 2010


ACONTECIMENTO
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Aqui estou, junto à tempestade,
chorando como uma criança
que viu que não eram verdade
o seu sonho e a sua esperança.
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A chuva bate-me no rosto
e em meus cabelos sopra o vento.
Vão-se desfazendo em desgôsto
as formas do meu pensamento.
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Chorarei toda a noite, enquanto
perpassa o tumulto nos ares,
para não me veres em pranto,
nem saberes, nem perguntares:
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«Que foi feito do teu sorriso,
que era tão claro e tão perfeito?»
E o meu pobre olhar indeciso
não te repetir: «Que foi feito...?»
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Cecília Meireles

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