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Certa madrugada fria
irei de cabelos soltos
ver como crescem os lírios.
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Quero saber como crescem
simples e belos — perfeitos! —
ao abandono dos campos.
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Antes que o sol apareça
neblina rompe neblina
com vestes brancas, irei.
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Irei no maior sigilo
para que ninguém perceba
contendo a respiração.
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Sobre a terra muito fria
dobrando meus frios joelhos
farei perguntas à terra.
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Depois de ouvir-lhe o segredo
deitada por entre os lírios
adormecerei tranqüila.
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Henriqueta Lisboa
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