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Que pena eu ter meu caminho,
como um rio que corre sem misturar-se,
como uma nuvem que passa sozinha,
como uma estrada que segue sem bifurcar-se.
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Que pena eu ser assim: sem afluentes.
Sem parcerias. Sem dono. Sem encruzilhada.
E ter a cara inteira, não metade.
Que pena eu ser total, não ter um trevo;
uma esquina, uma paralela, uma brecha,
um espaço em mim...
que pena eu ser assim: com divisas.
que pena eu ser assim: um sem outro.
Como um único Sol, uma só Lua.
E não como as meias: aos pares."
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Glória Horta
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