quinta-feira, 1 de julho de 2010


CANDEM, 1892
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O odor do café e dos periódicos.
O domingo e seu tédio. A manhã
E na entrevista página essa vã
Publicação de uns versos alegóricos
De um colega feliz. O homem velho
Está prostrado e branco na decente
Habitação de pobre. Ociosamente
Olha o seu rosto no cansado espelho.
Pensa, já sem assombro, que essa cara
É ele. Com distraída mão toca
.
A barba solta, a despojada boca.
O fim já não está longe. A voz declara:
Quase não sou, mas os meus versos ritmam
A vida e seu esplendor. Eu fui Walt Whitman.
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Jorge Luís Borges

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